Low Horde – Cinematic Death, a sétima arte em forma de música.


A banda Low Horde oriunda das Minas Gerais nos trás essa proposta bem legal, retratar algumas das histórias que acompanhamos nas telas dos cinemas em alguns temas de arrepiar. O single de Black Phillip retrata o filme “A Bruxa” de 2015, um dos últimos filmes que me deram calafrios com sua história bem arranjada e com ótimo enredo, e por ai vai.

Low Horde foi formado pelo guitarrista Mauro Fiereck, o saudoso baterista Thiago Prado do estúdio Óxido, Germano Renan da banda Kamikaze nos Vocais, e Thiago Villete no Contrabaixo e Heavy Metal tradicional é o que de melhor poderemos ouvir, pois a banda produziu um álbum com músicas que entram na sua mente, riffs “ganchudos” e dinâmicas que são próprios ao estilo.

Cinematic Death com produção de André Cabelo foi gravado no “Engenho Estúdio” e conta com 12 músicas e histórias de arrepiar que nos remetem ao saudosismo da adolescência com temas ligados a filmes tais como: “Exterminador do Futuro” em Cyborg, “O Exorcista” em Possessed e o clássico “A hora do Pesadelo” em Death Nightmare…mas eles vão muito além.

Cinematic Death – Album

O destaque sem duvidas é a coesão da banda no trabalho com todos os músicos executando muito bem as canções que compõe o CD, que também merece uma menção, pois foi muito bem elaborado em sua parte gráfica, ficando a cargo do já renomado Fernando Lima da banda Drowned. A arte nos traz os elementos do cinema tais como: rolos de filmes, salas de exibição e projetores, tudo com aquela pegada dos “Horror’s Films”.

Podemos nitidamente ver que os músicos estavam preparados para a proposta, pois tudo foi muito bem executado e dou meu destaque aos vocais de Germano Renan que são muito competentes. A banda esta muito afiada, com guitarras em ótimos riffs e solos bem elaborados, sem muitas firulas que algumas vezes vemos no exagero do heavy metal, o contrabaixo de Thiago Villete é muito presente e acompanha muito bem os intervalos de bateria de Thiago Prado que nesse trabalho teve muita competência deixando assim seu legado na música mineira.

Black Phillip – Single

Black Phillip o primeiro single do disco é aquela musica tipicamente Heavy Metal com riffs cortantes de guitarra e bateria compassada no ritmo muito intenso, os vocais inspirados em Judas Priest dão a tônica perfeita ao refrão, essa é aquela música para abrir um álbum.

Scapegoat continua mantendo a intensidade da obra com destaque ao contrabaixo galopante de Thiago Villete.

Midnight (I’ll Take Your Soul), ótimo nome e pegada heavy com seu ritmo cativante com andamento constante da guitarra dando a cadencia da levada. Uma das melhores do álbum sem sombra de duvidas.

Boys In Pajamas faz alusão ao livro e posteriormente ao filme: “O menino do Pijama Listrado” sobre os horrores da segunda guerra mundial protagonizado pelo absurdo nazista, dando a tônica dessa musica, uma balada carregada no drama propício para as notas musicais que nos levaram a ver novamente os acontecimentos desse momento trágico da humanidade. Ótima composição com destaque para os teclados carregados em dramaticidade juntamente com a ótima interpretação vocal de Germano Renan.

Cyborg e The Lawyer, são aquele power metal possante beirando o Thrash Metal com a intensidade dos instrumentos a quilômetros por hora, compõe bem o andamento do disco, pois o metal sempre foi muito avido por intensidade, e nessas musicas encontramos isso com sobras.

Death In Nightmare a “Ode” a Freddy Krueger, nosso vilão favorito da adolescência, tem o destaque no solo com aquele pedal Whah-Whah que adoro, e ficou muito legal, pois essa música merecia isso. Possessed dá continuidade ao filme de horror com o drama de Regan Macneil, possuída por Black Phillip, se assim posso dizer.

Ao final, a banda ainda nos apresenta ótimas composicões como: Coffe in The Strangers, November 5th que faz alusão ao filme V de Vingança, qual estamos presenciando reações mundo a fora com o crescimento da realidade virtual, com seus males e benefícios.

The lady In The Bus e Rescue encerram o álbum com mais metal influenciando pelos nossos ídolos de infância e adolescência do Metal.

Me senti bem ouvindo essa obra pois remeteu diretamente aos primórdios do estilo quando conheci as diversas bandas que tanto gosto.

Low Horde foi uma grata surpresa nessa época de tanta diversidade musical, eles nos levaram de volta a um momento único que foram os anos 80/90, mas sem serem datados, pois tem muita criatividade nesse trabalho!

Obrigado amigos.

Em Meio A Escuridão; o Doom Metal da Inventtor adentra o purgatório.


A banda Inventtor formada por Alan Souza na Bateria e Vocais e Tony Lessa no Contrabaixo, nos trás um álbum inspirado por contos do além. Músicas que nos afligem com os medos e fobias dessa vida terrena.

A narrativa angustiante que permeia a obra nos leva a uma reflexão que geralmente evitamos: por que estamos aqui nesse mundo, e qual será outros que nos aguardam rumo ao desconhecido. A Inventtor se encarregou de nos dar esse direcionamento lírico com maestria!

Em seu primeiro “Full Length” a banda teve em suas gravações as participações dos músicos: Alan Wallace “Eminence”, (nas guitarras, e produção do disco), Marcelo Santana “Colt 45”, Glaydson Vitalino e R. Amon “Mortifer Rage”, o que engrandeceu a obra.

Fazendo aqui um pequeno resumo: A Inventtor foi criada entre os anos de 2007/08 quando registrou suas primeiras músicas ainda de forma experimental. Após um breve hiato para reformulação e desenvolvimento de seu estilo, retornam em 2016, assim dando continuidade em seus trabalhos lançando seus primeiros singles: “Ventos Úmidos de Sangue” e “Medo Em Seu Rosto”, qual também figuram no Split: “Doom Of The Living Dead”, juntamente com a banda Old Audrey’s Funeral.

A seguir são editados mais dois singles: “Sino Negro” e “Santificam A Sua Maldade” e posteriormente: “Longo Rio Em Chamas” e “Traído Pela Intuição”, que dariam início ao que seria o primeiro álbum nos deixando com aquele gostinho de quero mais, o que viria a acontecer no inicio de 2023 com o já aguardado: “Em Meio Escuridão”.

O disco começa com a passagem: “Curso Final” e vem a sensação se ser o encerramento da obra, mas que ao mesmo tempo faz todo sentido com o início, pois os temas parecem se entrelaçar levando em uma viagem ao desconhecido. O ponto forte são as letras em português, que para nós brasileiros ou outros países que falam essa língua serão privilegiados com a integridade da obra em sua compreensão. Legal ver bandas que cantam em nossa língua pátria.

O rosto do lobo que faz a sombra na lua, “Em meio a escuridão”, expõe sua carne crua, a metáfora do lobo que Thomas Hobbes proferiu em Leviatã, onde o homem é capaz de colocar em risco sua espécie por instinto. A meu ver direciona esse tema que dá nome a obra da banda, onde ódio e dor caminham lado a lado, o homem é o lobo do homem e direcionara seus instintos de satisfação. Os vocais contam com a participação de Marcelo Santana que a interpreta muito bem, dando vida a seu sentimento.    

“Lamento” tem em seus versos: “Oh dama negra, doce morte, beija me, não sinta pena, minha alma entrego a ti”, verdadeiramente a banda passa toda a carga do Doom Metal nessas palavras soturnas com a sonoridade lúgubre que essas notas levam ao desespero auditivo nos transportando para dentro do universo da banda. Música excelente, dentro da aura do estilo.

“Purgatório” não deixa por menos e vai pelo mesmo caminho agoniante onde: “almas negras fingem solidão e pagam por sua ingratidão”, em minha concepção tem muito de uma banda que adoro que é o “Corrosion Of Conformity” em sua estrutura melódica, o que me agradou de cara, pois sou grande fã da banda. Seu refrão, suas estrofes, a cadência marcante das notas menores bem encaixadas são coisas que o stoner e o doom metal fazem com maestria.

Quando ouvi “Resisto” pela primeira vez, a imagem de uma procissão negra com personagens encapuzados, uma horda em direção ao ritual me veio de imediato a cabeça, o violino e os tambores são angustiantes, o que casa com uma letra que nos tira as esperanças terrenas, o fim parece próximo.

“Traído Pela Intuição” começa com vocais operísticos que já são uma característica da banda, os vocais são extremamente cavernosos, o que faz todo sentido com as letras que continuam a nos atormentar, se você não for forte espiritualmente com certeza será afetado, as letras são mesmo o ponto que me pegaram nessa banda, são muito bem construídas e fazem o estilo ser o que sempre foi, soturno.

Tentação, a sua fé se apaga na escuridão, tudo fruto de alucinação, “Era das Sombras” retrata bem o dogma das religiões sobre a cerne humana ao decorrer dos tempos, vimos isso nas eras medievais quando a inquisição dominava através do medo, e hoje em dia as coisas continuam de alguma forma, apenas menos drástica, mas mentalmente continua a fazer vitimas cegas em busca da salvação. Música com aquela cadencia do Doom Metal tradicional que conduz muito bem a narrativa.

A já conhecida “Sino Negro” trás as participações de André Damien da banda: “Paradise In Flames” nas guitarras e Glaydson Vitalino nos vocais, assim retornando ao passado, pois foram singles anteriores editados por eles. A vibração dessa musica é muito legal e densa, os vocais se alternam entre o gutural e o rasgado sutil de Alan Souza que faz toda diferença, uma das que mais gostei, pois de sua dinâmica é muito envolvente.

“Santificam A Sua Maldade” encerra o álbum, com seu andamento compassado e calcado no estilo, nos dando esperanças que a renovação está aí nessa ótima banda chamada Inventtor.

O Álbum pode ser ouvido por Streaming em todas as plataformas, e também na forma tradicional em Cd com lançamento pela Voice Music.

Obrigado amigos.

Oceania; Dark Matter além da superfície


Debaixo da superfície estaria a matéria escura que a banda buscava desde os tempos do saudoso DIESEL?

Aquela banda com a sonoridade inovadora do momento, surfando no movimento Grunge com um “que” de metal deu o que falar. Chegaram ao Rock in Rio 3, no palco principal, no dia dos astros do Silverchair, eles não perdiam para os gringos, estavam ali com a cara e a coragem de quem sabia o que fazer e onde queriam chegar…OCEANIA!

A banda atualmente formada por Gustavo Drummond nas guitarras e vocais, Afonso Silva no Contrabaixo (em Dark Matter o músico Daniel Debarry foi o responsável pelo instrumento) e Tulio Braga na bateria, fazem o lançamento do álbum sábado dia 28 de maio no Cine Theatro Brasil, Belo Horizonte em uma noite que promete ser memorável!

Falemos sobre o álbum, pois Dark Matter, gravado e produzido por: Alan Wallace e André Damien no estúdio Maçonaria do Áudio e mixado por Marcus “Camelo” Soares no Hipnoise Studios, trás uma sonoridade incrível em suas oito músicas, e seguem firmes após o “Debut”: Beneath The Surface, dando continuidade ao rock alternativo do longínquo passado.

Looking For The Exit abre o disco com uma pegada revigorante, aquele “rockão” que nos empolga e faz pensar: vem coisa boa por aí…Gustavo Drummond está cantando e tocando muito, ótimos solos e refrão “ganchudo” como as bandas dos anos 90 no movimento Grunge traziam.

Mouth Of God com a bateria compassada e ritmada dá o tom a canção de riff galopante e pegada heavy metal, o batera Tulio Braga manda muito bem nessa música, o baixo de Daniel Debarry vai na cola, os dois tem uma cumplicidade e dinâmica nessa composição, a letra tem uma “vibe” que me remeteu a um filme antigo: “Constantine”, um “ser” que vinha com a missão de julgar os incrédulos e bani-los para o inferno, não sei se acertei, mas a ideia me veio a cabeça de cara, ótima música!

Just A Ride, um dos vídeos do álbum, uma balada daquelas que alternam partes acústicas com o peso das guitarras levando o ouvinte a uma viagem em busca de uma afirmação: deixar tudo para trás e seguir em frente, ser leve, pois é apenas um passeio, apenas uma viagem!

Into The Sun tem atmosfera e letra que fazem todo sentido com a dinâmica da canção que nos leva a um momento de indagação que pode ser individual, pois procuramos pelo êxito pessoal, talvez podemos levar em consideração algo anda mais pessoal como um relacionamento matrimonial que esta finalizando? Só digo uma coisa, ela tem teor dramático que faz todo sentido com o estilo da banda.

Insane to the World volta com carga total ao rock possante das bandas noventistas, bem dinâmica, nela todos os elementos podem ser vistos com harmonia, banda alinhada, e como destaque trás uma letra condizente, eufórica, melódica, música de show!

Die Way é sensacional, refrão, melodias e vocais que expressam muita emoção na letra: “Evaporar Apenas morra, Evaporar Por favor, apenas morra…Evaporar Porque eu simplesmente não aguento mais“. Sinto que em vários momentos tem algo angustiante nas letras que foram compostas por Drummond, e sim podemos falar que o Grunge carrega essa angustia musical, vide os acontecimentos dramáticos com Kurt Cobain do Nirvana, Layne Stanley do AIC e Chris Cornell do Soundgarden, essa letra fez todo sentido pra mim, me cativou desde a primeira audição.

Com Out Of Reach me veio a cabeça algo que poderia estar ligado ao Diesel, talvez uma peça que poderia estar lá no passado musicalmente falando, a letra fala um pouco sobre isso de alguma forma:”Não diga que acabou, Você está apenas fechando a porta Para manter-se fora de alcance, Não diga que acabou, Não é o mesmo de antes, E você se mantém fora de alcance”. Faz sentido?!

Chegamos ao finalmente e posso dizer que fiquei muito empolgado em ouvir um disco como Dark Matter, a faixa homônima é densa e pesada com dinâmica moderna, os caras estão se especializando em terminar álbuns com essa pegada, em Beneath The Surface: My Old Yesterday é muito emotiva e climática, e a Dark Matter vai se esclarecendo, e nos elucidando, pois se no começo ela é climática, termina em um andamento furioso chegando a nos impressionar como um vulcão em erupção emitindo a massa escura!

Amigos, obrigado por terem dado continuidade, sei que a caminhada não foi fácil e os percalços do passado foram enormes, mas sábado estaremos presenciando um evento em grande estilo!

Existe mais matéria escura na superfície a ser extraída, podem ter certeza!

Foto: Divulgação

EMINENCE, o novo disco dos tempos sombrios


A banda Eminence formada por seu fundador Alan Wallace: guitarras, Bruno Paraguay: Vocais, Davidson Mainart: Contrabaixo e Alexandre Oliveira: Bateria, mostram em “Dark Echoes”, novo disco da banda o direcionamento sombrio dos tempos atuais!

Lançado em plena pandemia este é o sexto disco dos mineiros, e primeiro pela Blood Blast, subsidiaria da Nuclear Blast. Gravado no estúdio: “Maçonaria do Áudio” por André Carvalho, produção de Alan Wallace e Mixado por Tue Madsen no: “Antfarm Studios” na Dinamarca, contém 12 músicas e também marca a entrada de Alexandre Oliveira (The Troops Of Doom) nas baquetas em substituição a André Marcio (ex-Overdose), fazendo assim sua estreia em grande nível, pois Dark Echoes foi um grande salto musical na carreira da banda, um disco muito primoroso que irei detalhar a seguir.

Dark Echoes, música com participação de “Bjorn Strid da banda Soilwork” vem com todo fôlego, muito forte, com uma dinâmica típica das grandes aberturas, estrofes melódicas bem arranjadas e refrão marcante, Bjorn com seu talento, juntamente com Bruno Paraguai nos refrãos, deram uma aula com aquelas mistura de vocais limpos com Hash vocals característico do estilo deixando a música muito bonita, outro destaque é a bateria muito bem encaixada mostrando que Alexandre Oliveira está em casa, o disco promete!

Burn It Again com pegada no metal moderno e harmonias baseadas na guitarra de Alan Wallace destacando a faixa, o ritmo que ele impõe é frenético muitas variações sonoras com palhetadas alá “Robb Flynn” são muito legais, Alexandre Oliveira novamente impressiona, o homem veio pra assegurar seu lugar.

B.Y.O.G. prossegue o disco e Bruno Paraguay vem a todo vapor com seus vocais variados lembrando “Corey Taylor do Slipknot” em alguns momentos com timbragens muito bacanas, essa é uma das músicas mais curtas do disco e passa o recado sem muita firula, música pra show.

Wake Up The Blind, refrão matador e ótimos vocais limpos mantém o ritmo da anterior, a bateria e o baixo estão em uma sincronia perfeita, as melodias são muito legais com uma pegada no groove, o destaque fica com o solo de: “Jean Patton do Project 46”, muito técnico engrandecendo a composição. Não posso deixar de mencionar a bateria ao final que impressiona nos contratempos, magnífico.

Into The Ashes arremeteu a algo dos ingleses da “Paradise Lost”, com seus “samples” com teclados e dinâmicas carregados de emoção, como os ingleses costumam fazer. Os vocais muito legais são o ponto alto da canção juntamente com o contrabaixo de Mainart. Essa é minha favorita do álbum sem dúvidas.

Voltada para o Death Metal, The Vanishing carrega a pegada do estilo e vocais característicos, e riffs de guitarra “sextinados”, a curiosidade são os vocais estranhos no meio que me arremeteram para um filme de terror, essa poderia facilmente fazer parte de algo assim, sendo a mais direta do disco.

Inner Suffering trás de volta a “vibe” da banda com a bateria “groovada” seguindo a dinâmica da guitarra, os vocais de Bruno Paraguay variam entre o rasgado e clean com muita facilidade no ritmo intenso da música como os grandes vocalistas sabem fazer, podemos dizer que o Paraguay é prata da casa.

Hologram vem depois da instrumental Death A Nation mantendo o disco nivelado por cima, essa tem aquela pegada das palhetadas particionadas alternado com blast-beats nos riffs, e umas partes bem climáticas que as bandas do metal moderno souberam inovar. Na reta final um clima de música industrial se apropriou do disco com uma referência a banda “Ministry” que Alan Wallace me relatou gostar tanto, N3mbers, Not Hating just Say e Parasite Planet encerram esse petardo que foi considerado um dos melhores de 2021 com louvor.

Eminence não esta ai para brincadeira, já provaram sua competência e vem figurando entre as maiores bandas do metal moderno mundialmente!

Foto: Divulgação

PARA CIMA E AVANTE…

Paradise In Flames – Act One, um novo começo.


A banda Paradise In Flames chega ao seu esperado 4º álbum de estúdio, e nele tudo mudou, a começar pela formação e sonoridade que ganharam outro direcionamento surpreendente tendendo a agradar aqueles que estiverem dispostos a compreender essa nova complexidade sonora.

PARADISE IN FLAMES – ACT ONE

“Act One”, nos impressiona de cara com a arte muito bacana que ficou a cargo do mestre: Alcides Burn da “Burn Artworks”, que transmite o cenário burlesco proposto na obra sem ser jocoso, tendo o “cramulhão” ao centro do espetáculo aterrorizante que se desenrola durante o álbum. Se o disco não foi “digamos” proposto como uma história, deveria, pois tem seu enredo amarrado em boa parte do conceito.

A banda agora renovada com A. Damien – Guitarras e Vocais, O. Mortis – Vocais, R. Aender – Baixos, G. Alvarenga – Vocais e Teclados e S.J Bernardo – Bateria, abre o disco com: “Old Ritual to An Ancient Curse”, com introdução de teclados assobiando como em uma noite de terror, que logo emenda a um grito aterrorizante dos vocais, a música vai pelos caminhos do black metal tradicional com andamentos muito característicos do gênero, assim nos remetendo ao velho metal dos anos 90. As letras de O.Mortis envoltas em temas místicos cabalísticos conduzem a trama com os vocais envolventes de G. Alvarenga. Os vocais são o ponto alto, um álbum com três vocalistas não tinha como não o ser.

“Bringer of Disease” nos trás a cerne do álbum com seu andamento erudito onde os vocais novamente dão a tônica, juntamente com os teclados, uma pausa e a música nos apresenta uma verdadeira ópera, com um “que” de humor nos vocais…seria o nosso personagem cramulhão espalhando suas pragas pela humanidade, e destilando seu humor refinado?…com certeza.

A Seguir temos “Evil System”, uma música com aquela pegada no death metal quebrando um pouco o o ritmo operístico que o disco vinha nos levando. Letras indo na vertente mais politizada onde o fim dos tempos aparece com a extinção da humanidade e a sobrevivência ao estilo: adapte-se ou morra em um mundo em ruínas.

“Learn from Mistakes”, essa é das músicas mais inusitadas do disco com início inspirado em bandas alternativas, remeteu algo do “Massive Attack ou Rammstein”, que gosto muito, essa nova influência me surpreendeu, vocais sussurrantes que se intercalam entre si fazem com que a música tenha uma dinâmica muito própria, e a letra indica o caminho: “aprenda com seus erros”, uma critica a religião doutrinadora.

Teclados satíricos e a volta do andamento operístico: “Dancer of the Mist” apresenta a personagem assombrada por desejos impuros, tentando se libertar desse mundo cheio de imposições e viver a “vida após a morte”. Música com características do heavy metal com black metal, lembra uma das grandes influencias da banda, a “Cradle Of Filth”, mas com muita personalidade. Os teclados e arranjos de guitarras são o ponto alto, juntamente com os vocais, G. Alvarenga entrou com o pé direito e vem mostrado que veio para ficar.

Com “The Sinner e Delirium” que são músicas que se completam, o disco volta a se inclinar pro death metal, só que dessa vez mais cadenciado, com andamentos ríspidos da bateria, sendo o destaque com compassos alternando blast-beats e tercinas, o trabalho de Bernardo nesse disco é primoroso, muita técnica e ritmos precisos. Os vocais femininos pairando ao decorrer das canções são muito bons, ótimas vinhetas, e “hash vocals” também se destacam nessas faixas e dão um clima incrível, o efeito oitavador da guitarra em Delirium tem seu charme. Lembrando que as duas músicas tem vídeos oficiais muito legais com uma história digna de Hitchcock.

“Unseen God e The Way of Pentagram” abrem com teclados misteriosos e corais de vozes sugerindo algo bem climático, mas no desenrolar elas se tornam mais dinâmicas, mais diretas e sem aquelas firulas recorrentes do heavy metal. Em Unseen God a letra versa sobre um deus fictício que as pessoas se apegam, e A. Damien faz os vocais principais, já The Way of Pentagram é dinâmica e cheia de blast-beats e teclados harmoniosos com os vocais divididos entre Damien e Alvarenga, as duas tem boas passagens de todos os instrumentos, às deixando com características bem homogêneas, são as mais tradicionais ao estilo da banda.

Disco muito envolvente, posso dizer que é a melhor momento da banda até então e com pesar o fim se aproxima mas com uma grata surpresa, pois ainda temos duas músicas muito boas e surpreendentes, (se tornaram minhas favoritas), e acredito que deixarão o ouvinte aguçado por outras ao estilo. Me refiro às “Dark Pilgrimage e Last Breath”, com passagens climáticas sempre bem vindas, e O. Mortis dando um verdadeiro show em sua interpretação sendo digno de lágrimas, ela é o centro das atenções nesse encerramento.

Essa formação veio pra elevar a musicalidade a esse direcionamento emocionante como o black metal sinfônico nos demonstrou ao decorrer dos tempos, assim conduzindo com chave de ouro essa ópera metálica!

Paradise In Flames – The Devil’s Collection


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Após seu retorno triunfal em 2017, a Paradise In Flames vem nos brindando com ótimos lançamentos que culminariam no último e ótimo álbum: “The Devil’s Collection”, lançado no Brasil pela gravadora “Your Poison Rec.”, e mundialmente pela “Blood Blast”, sucursal da grande gravadora alemã “Nuclear Blast. “

Banda esta formada por; André Damien: Guitarra e Vocais, Robert Aender: Contra-baixo, Wesley Adrian: Bateria e Opus Mortis: Teclados, vem galgando rapidamente sucesso e prestígio mundo afora com seu Black Metal Sinfônico muito bem “arranjado”, com melodias e agressividade como o estilo pede. Contando com 10 músicas, o álbum nos apresenta além de novos temas, algumas regravações de trabalhos anteriores tais como: “The Tepes”, e a já clássica “Devil From The Sky”, assim criando uma aura mágica nos conduzindo através das novas composições de muito bom gosto.

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O disco abre com “Nahemah’s Possession”…com seu video-clip muito bacana, a história nos envolve e transporta aos filmes de suspense que prende do inicio ao fim. O “triller” policial que conduz a uma ótima história traduzida por notas musicais produzidas por esses competentes músicos em um clima envolto nos teclados inspiradíssimos de O. mortis, e letras que versam sobre a maldição que vitimiza lindas donzelas, tendo seu final surpreendente com guitarras e vocais criativos que conduzem bem a cadência dessa que é uma das melhores musicas do black metal atual, dando bons indícios que ouviremos ao decorrer do álbum.

“I’m Sure Your Gods Have Seen This Before”, também conta com video muito legal, essa banda se especializou nisso, que é ótimo, pois com muita competência se inseriu aos moldes dos dias atuais onde tanto o áudio como o visual são de suma importância. A música é muito boa, tendo no refrão marcante os destaques vocais de A. Damien e O. Mortis que dão a tônica a composição. As melodias são fortes com seus teclados e guitarras certeiras, pavimentando assim o caminho para a bateria precisa de W. Adrian, um verdadeiro mestre das baquetas contemporânea! 

“Satan’s Laws” nos surpreende de cara, letra e música estão muito alinhadas ao conceito do estilo, trazendo a maligna vibração que o disco pede. Todos os músicos se destacam nela, e é o melhor trabalho de contra-baixo do álbum que pode ser ouvido nitidamente em cada nota precisa do mestre R. Aender, que também é guitarrista da talentosa banda Mortifer Rage. Os timbres de vozes criados por O. Mortis são maravilhosos dando o clima que a peça necessita.

“Its’s All Wrong”, a música com a “vibe” Death Metal poderia destoar, mas a condução foi tão bem-feita que ela se faz inserida e dá seu recado sem muitas das firulas convencionadas ao Black Metal que tanto gostamos. Seu estilo de composição com pegada nos riffs de guitarra direcionam a composição com os típicos vocais cavernosos do metal da morte.

“Has Never seen A World Without Wars” chega ao ápice criativo da banda até então, cheia de climas, nos surpreende do início ao fim, e que composição é essa?…Além da música, podemos assistir a um dos melhores clipes da atualidade com uma letra muito envolvente sobre os horrores da guerra. O clima é intenso e podemos sentir sem sombras de dúvidas a angústia dessa composição pra lá de inspirada. Não há um destaque especifico pois verdadeiramente eles se envolveram nesse tema, nos trazendo a melhor música do album. “Coros” com vocais marcantes, guitarras emocionantes, contrabaixo preciso e baterias dilacerantes que conduzem o ouvinte ao clima da letra, renovam o estilo e vão além do mundo fantasioso de outrora.

“The Tepes” que aparece no Ep: “Devil From The Sky”, agora em sua nova roupagem orquestrada, nos remete aos primórdios do black metal feito por bandas tais como: “Cradle of Filth e Dimmu Borgir”, as pioneiras do estilo. A música fala sobre “Vlad o empalador” e mantém o clima do estilo com suas melodias marcantes e estruturas dinâmicas próprias do heavy metal técnico com andamento agradável aos ouvidos dos apreciadores da arte.

“Ripping Off False Masks” é uma crítica ao cristianismo que regride a humanidade e não nos deixa pensar por conta própria com suas amarras teocráticas. Sua composição envolvente nos moldes e essência Death Metal em seus pouco mais de 3 minutos, esmaga pensamentos inebriados por falsos profetas, abrindo os olhos para um novo mundo.

“Hell’s Now” que também vem com um video arrepiante e a participação de “Vladmir Korg” da banda “The Mist”, traz a inovadora influência do Blackned Death Metal praticado por bandas como: “Behemoth”, que vem trilhando esse caminho. Com seus vocais guturais que conduzem a música onde as guitarras possantes têm vez, a composição é marcante do início ao fim.

“Devil From The Sky” a segunda regravação está muito atual…uma verdadeira hecatombe conduzida pela revolta infernal nos céus colocando chamas no paraíso e trazendo a revolta luciferiana a terra. Esta tem aquele molde do Black Metal clássico reconhecido mundialmente pelos apreciadores do estilo com sua condução melódica baseada nos teclados dominantes, e guitarras envoltas em notas “pentatônicas”, baterias “tercinadas” fazendo com que a composição se torne esplêndida. Sem dúvidas essa é considerada o maior clássico da Paradise In Flames.

2020 acabou, este que foi um ano que passamos por um momento nunca vivido anteriormente, e ainda continuamos a viver em 2021 e lutando para vencer, ouvir uma obra dessa magnitude nos enche de esperanças e nos ajuda a passar por esse momento tão delicado.

Foto: Renato Audrey

Obrigado amigos.

Do passado veio a tempestade Sepultura


Era final de 1987 e uma banda lançaria um disco que a deixaria muito próxima de seus objetivos, criar um tipo de música influenciadora, assim se tornado a maior banda brasileira do novo estilo que vinha avassalando o Heavy Metal, o Thrash Metal. Escolheram 30 de Outubro, final do segundo semestre para a gravadora Cogumelo Records dar vida uma obra inigualável na música brasileira metálica, pois em breve se transfeririam para a grande Roadrunner, gravadora americana.

Eu estava no início de minha trajetória metálica quando conheci esse disco, minhas favoritas eram Iron Maiden, Kiss e as novas Metallica e Slayer, acabara de conhecer a loja Cogumelo no início de 1988, a loja mais icônica do metal nacional, e responsável por lançar boa parte das bandas metálicas brasileiras. Nessa época eu nem sabia que esse tipo de música era produzida por bandas brasileiras, minha entrada recente no movimento metálico me traria gratas surpresas nessa trajetória incrível.

Então ao entrar na loja me deparo com esse disco na prateleira de entrada, era costume os lançamentos estarem em primeiro plano na loja. Dei uma olhada na capa que me chamou a atenção pelo logotipo quase indecifrável, não desisti, fiquei intrigado com aquele disco de capa azul, peguei e olhei a contra capa, os nomes não ajudaram muito pois não eram nomes típicos, Max Cavalera, Andreas Kisser?…só podia ser uma banda internacional…mas lendo as escritas em português nos agradecimentos, isso me intrigou, e não aguentando mais, perguntei ao vendedor: Essa banda é brasileira? Ao que ele responde, é daqui…eu: do Brasil? Ele: daqui de Belo Horizonte!

Pedi pra tocar o disco e desde então virei fã incondicional da banda, eram impressionantes, se Metallica e Slayer me cativaram com sua sonoridade moderna e agressiva, o Sepultura iria muito além.

“From The Past Come The Storm”, abre o disco após uma pequena introdução de violinos dando ares suspense, a música com suas palhetadas alternadas abrem a música com um ataque de bateria no melhor estilo das bandas que trilhavam esse novo modo de tocar, os vocais de Max Cavalera se adaptavam perfeitamente com a cadência da música, e a maturidade musical começava a aflorar mesmo com o inglês ainda tendo que aprimorar, o que veio a acontecer nos discos seguintes com letras melhores elaboradas. Andreas Kisser o estreante veio com tudo e amplificou a sonoridade da banda com ótimos solos e notas precisas para essa obra.

“To The Wall”, mantém o ritmo, com as letras de “Vladimir Korg” da banda Chakal, dando assim respaldo para a obra, o cara virou parceiro de uma das músicas mais legais. Max foi a loja Cogumelo onde Korg trabalhava e pediu uma letra, e com sua genialidade a fez no mesmo dia a tornado um dos clássicos da banda. O final da canção é incrivel com Igor Cavalera demonstrando uma técnica bem elaborada para esse segundo disco da banda. Vimos uma evolução impressionante, pois ele despejou sua fúria juvenil criado ótimas passagens de bateria.

“Escape To The Void” começa com um solo cortante de Andreas com aquelas famosas alavancadas que o gênero imortalizou, a bateria vem ditando a composição cheia de técnica em um crescendo até a hora da entrada dos vocais que lembram o velho Max Possessed, essa música se tornou um clássico, sendo executado muitas vezes pela banda nos dia atuais.

“Inquisition Symphony”, a instrumental, muitas bandas vinham fazendo esses temas, acho que o Iron maiden influênciou essa galera do Thrash Metal nesse sentido, Metallica também tinha sua parcela de culpa no “bom sentido” nisso, pois Max fala que quando ouviu o “Ride The Lightning” mudou sua vida a ponto de cortar os cabelos para que seu primo mais velho lhe desse o tal vinil…ele falou: depois cresce!

A música tem seu início dedilhado meio cacofônico, genial, tétrico, mas que dá sentido a evolução do instrumental em um “crescendo” similar a “The Call of Ctulhu” do Metallica. Fazer uma música instrumental não é uma tarefa fácil pois tem ser bem preenchida para surtir efeito, e o sepultura fez isso com um trabalho perfeito, principalmente de Andreas Kisser em passagens e solos maravilhosos cheio de harmonias, essa é a música mais técnica do disco sem dúvidas.

“Screams Behind The Shadows”, adoro essa música, ela de alguma forma me lembra a “Diposable Heroes” do Metallica, as duas começam no lado B do vinil e me vem algo a mente sobre essa influência, isso não seria de todo mal não?

“Septic Schizo” provavelmente é a letra que mais faz sentido a obra, ela mantém a pegada do álbum que continua com uma velocidade alucinante, nunca tinha ouvido algo tão rápido, Sepultura estava fazendo coisas revolucionárias para essa época, não é atoa que chamou a atenção de “Monte Conner” diretor da gravadora Roadrunner próxima casa da banda que juntamente com a americana Death inovaram o momento único da historia do heavy metal.

‘The Abyss”, ótimo tema instrumental de violão do mestre Andreas Kisser é emocionante com seus tons e semi tons dissonantes, a peça é um prelúdio para o encerramento do disco com a incrível: “R.I.P.(Rest in Pain)”, que com seu início alucinante, guitarras e baterias a velocidades inimagináveis dão o tom a obra. Essa é Thrash Metal em sua concepção, e sem dúvidas podemos dizer: palhetadas alucinantes, vocais dilacerantes, baterias cortantes e contrabaixo marcante, Paulo jr. estava começando a entrar na “vibe” da banda!

Alguns anos após o CD foi editado contendo uma nova versão da música Troops of Doom e a “demo” do disco, e mais algumas versões sem mixagens finalizadas.

O Sepultura não estava de brincadeira e lutaram muito para conseguir chegar ao almejado topo, o estrelato, o lugar ao sol desejado por quem percorre os árduos caminhos do metal, e a frase icônica do disco:

“A inveja dos medíocres nos tonam cada vez mais fortes”, nunca fez tanto sentido!

Obrigado caras, vocês me iniciaram no metal nacional!

O homem é o chakal do homem.


Belo Horizonte, Minas Gerais, esse lugar se tornara o polo do metal nos anos noventa se estabelecendo na curta metade da década de oitenta como a capital do estilo com as melhores bandas que poderíamos produzir.

Conheci muitas das quais continuaria a ouvir nos dias atuais, e a Chakal, um nome muito apropriado para o inovador estilo que tinha caído como uma bomba na cidade, destroçou com os conceitos tradicionalistas como um animal feroz, soberano e teriam meu apoio incondicional!

Após participarem da icônica coletânea “Warfare Noise” com duas músicas, e posteriormente lançarem o álbum de estreia, Abominable Anno Domini”, e o Compacto “Living With The Pigs”, encerraria-se assim um ciclo e mudanças viriam, a banda entrava em 1990 sem seu vocalista genial, mas com músicas que superariam nossas expectativas, com a banda renovada e pronta para liderar a alcateia metálica!

Lançado pela icônica gravadora Cogumelo Records no segundo semestre de 1990, ano de grandes lançamentos, “The Man In His Own Jackal” contém a fórmula Thrash Metal moldada pelas ótimas bandas que vinham aparecendo mundo afora e traria uma nova concepção, que se anteriormente mais pesada, agora eles flertavam com outras sonoridades, próximas ao que as bandas americanas vinham produzindo.

A line Up estava renovada com Eduardo Simões “O Paulista” nas guitarras, que juntamente com Mark, e agora Marcelo Laranja que além do contrabaixo, assumira os vocais e nos surpreenderia com uma performance inusitada fazia a cama para Guilherme “Wizz” mais afiado que nunca, pois a bateria desse disco é sensacional!

O curioso desse disco seria sua regravacao 20 anos após, com a formação quase intacta, mas contendo o guitarrista Andre “Evil” Cabelo, que entrou na banda posteriormente e participou do projeto, agora: “Man is a Jackal 2 man”, com todas as músicas do lançamento original, em uma nova ordem, (segundo a banda a correta), e claro, com uma gravação muito mais legal.

“Feel No Pain” abre o vinil, confesso que prefiro ela como abertura destruindo tudo com seu refrão fenomenal, solos incríveis e uma dobradinha dos dois guitarristas que a época tinham essa incumbência na divisão dos trabalhos. Synthetic Tears é a abertura do CD após uma pequena intro inspirada em “Blade Runner”, a música vem com ótimos riffs, as melodias de guitarra sensacionais, mestre Mark nessa nova roupagem fazendo todos os solos com a base precisa de André Cabelo dão o tom a essa obra.

“Silence N’ Peace” mantém o disco nas levadas do Thrash Metal clássico com um riff sensacional, refrão com um coro de vozes muito legal e solos muito bem construídos. “In Vain” no vinil tem uma pequena fala intencional no início, nessa não mais, a estrutura se mantém, mas com mais peso alguns vocais extras, e o melhor solo do disco, Mark com muita emoção nos arranjos e bends inspirados nos emociona profundamente.

“Acme Dead End Road” com sua intro inspirada no papá-léguas que nunca se dá mal e tende a ser o malvado com o coiote, aqui ele tem o troco, o chacal não deixaria por menos e fez uma das músicas que melhor representa o disco com sua bateria motorhediana, Wiz é grande fan e a conduz com andamento alucinante dentro dos riffs e solos matadores que somente os grandes guitarristas do estilo sabem, Mark/Paulista, estavam muito afinados e afiados. “Santa Claus Has Got Skin Cancer” com seus vocais inspirados na lenda germânica Destruction tem sonoridade única e uma letra sarcástica sobre o “bom velhinho”, laranja gravou um dos vocais mais legais nessa música, nessa versão mestre Mark faz o seu tradicional solo clássico com influencia dos grandes eruditos do estilo, o transformando em uma peça maravilhosa, arrepiante!

“Holobyte”, vem com mais Blade Runner que invade nossas mentes, as guitarras são o foco com notas em “Hammer On”, as famosas marteladas nas notas, sendo um diferencial pra época, a música é bem envolvente e encerra bem o lado A do LP. Na regravação “Silence N’ Peace”, fecha o lado A em teoria, se mantendo próxima a gravação original com uma dosagem a mais de peso e uns arranjos extras de guitarras dobradas e vocais guturais que a valorizaram.

“Hangover” com sua pegada no Groove do baixo, abre o lado B do LP, sua cadência se mantém após a intro, uma espécie de Heavy/Thrash com uma levada bem agradável inspirada nas ondas do estilo e um solo cadenciado nos conduz a essa sonoridade agradável da musica. É a musica menos pesada do disco e de muito bom gosto…no Cd ela encerra o trabalho, dando sentido a ordem das letras.

“Santa Claus Has Got Skin Cancer” se mantém na pegada da regravação sem muitas alterações, então prefiro a original.

“SxSxCx 333”, nome que de alguma forma me remetia a algo da temática do disco, mas que foi desvendado no início desse ano por Wiz como sendo um código secreto para comunicação entre os membros da banda, “Secret Service Chakal”. A influência do sueco “Yngwie Malmsteen” é latente, e Mark nunca a negou, acredito ser uma homenagem a seu grande herói. No LP ela quase encerra o “discão”, na regravação ela consta no meio da obra, sem duvidas na regravação esta muito superior, os anos de estrada deram a Mark muita bagagem pra explorar muito bem todas as notas que ele almejava, que peça maravilhosa!

“Synthetic Tears” fecha do LP, no Cd ela abre, senti que a afinação não é a mesma nessa e em algumas outras, assim dando mais peso aos arranjos que são diferentes e foram bem utilizados e a sacada de abertura e encerramento foram muito legais conduzindo uma letra que sintetiza a obra.

Sobre as letras não podemos esquecer da valiosa ajuda do amigo Eduardo Gordo que condenou várias idéias com muita sabedoria assim engrandecendo a obra com ótimos conceitos futuristas.

As artes tanto do LP quanto do CD, são muito legais, inicialmente feita pelo grande Kelson Frost, a capa do disco de cara nos remete a um mundo cibernético influenciado pelos tempos futuros retratados em filmes como: Blade Runner ou Aliens e nos levam a essa perspectiva criada pelos músicos. No remaster em CD a arte é de Fernando Lima que faz alusão a contexto usado no LP mas utilizando novos elementos a arte que concebeu a obra como podemos ver no encarte em vários takes.

Não importa a ordem, o ano ou a gravação, no fim esse disco se tornou um grande clássico do metal mundial e qualquer que seja a gravação que ouvir, cumpre seu papel de expor essa incrível obra do metal contemporâneo sendo um dos grandes albums do estilo que a época era o que estava mais em voga, o Thrash Metal.

Um antigo “release” da banda falava assim: “O dia do Chakal chegaria”, mas posso afirmar que esse dia sempre esteve presente, pois com sua originalidade e presença musical única, a banda se tornou uma referencia para os apreciadores do heavy Metal desde seus primórdios!

Obrigado amigos.

Overdose – Circus Of Death, o disco que mudou minha vida.


No final de 1986 entrei nesse mundo do metal, já ouvia umas bandas de rock, e após conhecer a banda Kiss, tive certeza que o rock, especificamente o heavy metal seria o que ouviria pra sempre!

Então na primeira metade do anos 80 conheci vários grupos de metal, vivendo em Beagá não seria uma tarefa difícil, pois aqui estão as bandas mais famosas da cena brasileira, claro que na minha saudosa São Paulo haviam outras tão legais que também despontariam no cenário brasileiro, assim como em várias outras partes do Brasil, mas Minas Gerais teve papel fundamental para o estilo!

Era Fim década de 80 e achei a Overdose, e melhor, conheceria pessoalmente os integrantes e presenciaria sendo composto um dos discos que mais ouviria até os dias atuais.

Sendo ela uma das bandas mais importantes do cenário brasileiro que despontariam juntamente com o Sepultura em um disco pra lá de legal, “Século XX/Bestial Devastation”, chegara a seu quarto disco de estúdio com “Circus Of Death”, um álbum que trazia suas novas influências do momento, o vigoroso Thrash Metal feito pelas bandas mais icônicas mundo afora, sim tínhamos bandas tão boas quanto as gringas que adorávamos tanto.

Circus Of Death lançado em 1992 pela icônica gravadora Cogumelo Records os afirmaria entre as maiores do mundo tanto pela relevância musical do momento quanto pela técnica dos integrantes. Tive o prazer de poder ver o álbum emergir nas idas aos ensaios na casa do guitarrista Claudio David, o que me traz muito saudosismo, eu ainda no começo da minha jornada como guitarrista tendo uma aula presencial de como fazer boa música, isso foi impagável, vendo aquelas guitarras incríveis, principalmente a Ibanez que era minha marca favorita, e claro, poder conversar com os caras foi um sonho realizado.

O disco conta com oito faixas em sua primeira aparição em vinil e agora posteriormente relançado em CD, que além das músicas originais da época, vem com o bônus Children Of War e um DVD com alguns shows cujo o de Belo Horizonte estive presente!


“Violence” abre com uma pegada em temas que estão muito atuais nos dias que vivemos, e a musicalidade aflora já nos primeiros acordes com músicos que sabiam onde queriam chegar, suas estrofes envolventes e refrão incrível, guitarras bem lapidadas, solos marcantes, bateria no tempo correto e um vocalista raivoso com a pegada do thrash metal típica, abriria o LP com pé direito.

“The Zombie Factory”, é uma das músicas que mais gosto, com sua dinâmica nas guitarras com “palhetadas” marcantes e uma letra muito legal que fala sobre os mecanismos de produção da indústria dando o tom a música, ouvi essa tantas vezes que se tornou minha favorita do LP.

“Dead Clowns”, abre com uma vinheta remetendo a temática do disco e as guitarra intercalando partes drives com dedilhados melódicos, dando assim direcionamento a letra mais representativa do projeto, acredito eu.

“A good Day To Die”, nome perfeito para a pegada de Thrash Metal encerra o lado “A” do disco com a bateria muito bem encaixada com grooves incríveis entre suas camadas musicais.

“Profit” abre o lado “B” com muita energia das guitarras “palhetadas” com todo vigor, vocais irados e bateria a velocidade da luz, Andre Márcio sempre foi referência no instrumento e nesse disco o homem estava tocando muito!

“Powerwish” mantém o nível, pois não tem uma música ruim nesse disco, isso posso garantir.

“The Healer” com sua introdução acústica maravilhosa introduz uma das mais belas músicas que tive o prazer de ouvir, guitarras muito bem dosadas, um solo maravilhoso do mestre Claudio David, vocais primorosos de Pedro “The Boz” o nosso Bozó, que se outrora vinha com vocais melódicos em discos tais como: “You’re Realy Big” e a famosa “Anjos Do Apocalipse”, nessa música ele volta a nos brindar com timbres incríveis e muita melodia. O trabalho de contrabaixo do mestre Fernando Pazzini é outro ponto a se destacar, em um solo muito emocionante faz dessa a melhor do disco sem dúvidas. Posso dizer que essa obra é simplesmente digna de estar em qualquer álbum das grandes bandas mundo afora, mas ela já está no nosso Overdose.

“Beyond My Bad Dreams” com suas bases de guitarra intensas que somente os grandes sabem conduzir mostra uma aula de guitarristas muito afinados, Sergio Cichovicz que debutava nesse disco incrível (que maneira excelente de começar a vida musical) não deixou por menos e nos trouxe ótimas bases pesadas conduzindo essa e as demais do LP com maestria!

No CD/DVD remaster tem dois shows para recordarmos desses tempos incríveis do metal mineiro, e amigos, podem ter certeza, a banda Overdose sempre será uma das gigantes do estilo!

Obrigado pelos anos de amizade caras!

Paradise in Flames retorna


Foto: Divulgação

A Paradise In Flames deu início às suas atividades no ano de 2002 com a dupla de amigos Andre Damien e Wesley Adrian, e com o lançamento da Demo: “Empire in Ashes” as coisas começaram a acontecer para essa banda de Belo Horizonte, reduto do underground brasileiro.

Em 2003 com o lançamento do EP “Devil From the Sky” e com a formação mais coesa contando com: Andre Damien, Wesley Adrian, Ricardo Andrade, Renato Audrey e Felipe Marques, as idéias se aprimoraram e os shows começaram a aparecer com mais frequência, conseguindo projeção no estado, que mais adiante se ampliaria para todo o Brasil e continente sul-americano.

Em breve conversa com a banda em 2005, me relataram que com a formação que permaneceria até o fim da primeira fase com Tiago Andrade na bateria e André Damien assumindo as guitarras e vocais, e com a adição de baixistas convidados, o primeiro álbum, “Homo Morbus Est”, CD duplo, que foi lançado em 2006 e distribuído pela Democratic Records Brasil, juntamente com a MDR Records em Portugal, vendeu mais de três mil cópias impressas, assim fizeram sua maior turnê contendo 30 datas em 15 estados Brasileiros com a banda Krisiun incluindo três shows no nordeste, sendo um sucesso imediato conseguindo expandir o nome Paradise In Flames Brasil afora.

A conquista do topo estava próxima, mas as mudanças na formação não surtiram o efeito desejado, assim como estabilidade para a banda no direcionamento musical adotado com o disco “Labirinto de Metáforas”, que os colocou em um hiato por alguns anos até o retorno triunfal em 2018, agora sim focada em conquistar o mundo!

Com a formação redefinida, trazendo os dois fundadores (A. Damien nas guitarras e vocais, W. Adrian na bateria e percussão) e contando com R.Aender no contra-baixo e O.Mortis nos teclados e vocais de apoio, o progresso ao criar grandes músicas e nos impressionar com vídeos minimalistas de qualidade inquestionável e direcionamento que somente os grandes do estilo conseguem, é visível, pois a arte predomina em seu conceito!

Como a Fênix após queimar e sucumbir em cinzas a banda retorna ainda mais forte agora revigorada com a sonoridade que irá revolucionar seu estilo com características próprias que almejavam desde o início.

O primeiro single da nova formação: “Hell is Now”, é editado no início de 2018, a música mostra uma evolução nítida com a proposta do momento atual do Death black metal, guitarras com riffs impressionantes, teclados climáticos, bateria com elementos técnicos que o estilo pede e um vocal inovador com várias nuances e tonalidades, dão a cara dessa banda renovada. A música também gerou um ótimo video clipe que pode ser conferido das plataformas digitais da banda.

Na sequência editam mais um single que também se torna video. Esse ainda mais impressionate: “Has Never Seen a World Without a Wars”, que versa sobre um mundo que conhecemos bem, cruel e impiedoso, pois nunca houve um mundo sem guerras. As batalhas são uma constante em nossas vidas e a Paradise In Flames nunca deixou sua batalha de lado. A música mantém o dinamismo com um início denso cheio de camadas instrumentais e vocais envolventes. O video é impressionante, filmado parte em estúdio e parte em uma praia futurista deserta, a banda interpreta a nêmesis em busca da justiça que nos foi retirada nesse mundo.

Foto: Divulgação

2020 era o ano, tudo estava indo muito bem, shows pelo Brasil, (qual pude ver e fotografar), e também pela America do sul, como na Argentina, no Metal Camp e Bolivia devam inicio à etapa internacional e muitos ainda viriam, mas fomos assolados pela terrível pandemia da Covid 19 (poderia ser um tema para alguma música), que fez com que os planos fossem adiados, porém a banda não deixou de produzir e nos brindou com o single da melhor música até agora: “I’m Sure Your God Have Seen This Before,” que obviamente veio com um video clipe pra lá de bacana envolto em uma atmosfera que conhecemos bem no Heavy Metal, obscura e profunda.

O clipe foi dirigido por Davidson Mainart com assistência de Willian Marques e Patric Magrelo. Assim como nos anteriores o profissionalismo foi incrível nos moldes dos grandes conjuntos musicais que fazem arte mundo afora.

Nesse momento eles estão preparando seu vindouro disco completo com músicas inéditas que será lançado no segundo semestre de 2020. Lembrando que a banda tem um merchandise incrível com camisetas e CD´S de todos os álbuns que se encontram no Facebook, Instagram e Site Oficial.

Podemos dizer que a Paradise In Flames é realidade, a banda que perseverou desde seu início, agora colhe os malditos frutos que o Heavy Metal e suas vertentes concederam, sendo esse o estilo com os fãs mais fiéis que nos agraciam e nos prestigiam em qualquer lugar.

Tenho certeza que seu deus já viu isso antes, mas o Paradise In Flames reafirma isso com maestria!

Foto: Divulgação